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Ainda existem algumas dúvidas na sociedade sobre o que é um psicólogo e o que é um psiquiatra, acabando por serem percebidos como profissionais que desempenham papéis iguais.

As bases destes dois profissionais são distintas. O psiquiatra tem inicialmente uma formação em medicina e posteriormente a especialização em psiquiatria, enquanto o psicólogo tem a sua formação em psicologia, podendo posteriormente tirar uma especialização na área da saúde mental, os chamados psicólogos clínicos e/ou psicólogos da saúde. O psiquiatra tem como base de trabalho o modelo biomédico, procurando desequilíbrios orgânicos que expliquem a sintomatologia apresentada pelos pacientes, socorrendo-se posteriormente de terapia farmacológica. Já o psicólogo trabalha segundo o modelo biopsicossocial, interessando-se pelo sujeito enquanto ser individual e único, biológico e social, tentando compreender de que forma os sintomas aparecem na vida do mesmo e que funções desempenham, delineando-se a partir daí uma estratégia de intervenção psicológica que resulte no sujeito um melhor bem-estar. No entanto, apesar das diferenças, existe uma complementaridade entre estas duas classes profissionais, uma vez que em situações de problemáticas psicológicas mais graves a solução para ajudar o sujeito pode passar por complementar um trabalho psicoterapêutico com uma terapêutica farmacológica, o primeiro realizado pelo psicólogo e o segundo pelo psiquiatra. 

Apesar destas diferenças, tanto o psicólogo como o psiquiatra podem tornar-se psicoterapeutas, o que exige, para além da formação inicial em psicologia ou medicina, uma formação complementar em psicoterapia, numa sociedade ou associação reconhecida para o efeito. O psicoterapeuta, à semelhança do psicólogo, intervém a partir da talk therapy, regendo-se por um modelo específico de intervenção e de compreensão do Homem. O trabalho dos psicoterapeutas distingue-se pelo conhecimento mais aprofundado de técnicas para um trabalho de intervenção psicoterapêutico, seguindo um modelo teórico específico.

Luís Carlos Batista - Psicólogo

 
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Quantas vezes nos questionamos sobre atitudes/ comportamentos realizados por aqueles que nos rodeiam ou até sobre os nossos próprios comportamentos? Quantas vezes tentamos perceber o porquê de nos sentirmos de determinada maneira?

A Psicologia é uma disciplina científica, que tem como objetivo estudar o comportamento, procurando os princípios gerais que o expliquem. Socorrendo-se de um conjunto de métodos específicos que lhe permitem estudar e compreender o comportamento nas mais variadas situações, a psicologia ramifica-se por diferentes áreas, desde a clínica, educação, organizações, social, neuropsicologia, adotando leituras específicas em cada uma destas áreas específicas que lhe permitam uma compreensão especifica do comportamento humano nos diferentes papeis que o Homem assume.

Luís Carlos Batista - Psicólogo

 
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Ao contrário do que muitas pessoas possam ainda pensar, tudo aquilo que acontece e é falado em Psicoterapia, fica naquele espaço. E o que é esse espaço? É um espaço de reflexão e desenvolvimento pessoal.

Ciente do desconhecimento e das dúvidas relacionadas com o processo psicoterapêutico, pretendo com este texto desmistificar a Psicoterapia, ainda tão temida por algumas pessoas, deitando por terra alguns mitos. Explicar, de uma forma geral, aquilo que se faz em Psicoterapia, a sua importância para o desenvolvimento pessoal de quem a procura e também levantar uma ponta do véu acerca da maneira como este processo é vivenciado 


Apesar de ser cada vez mais comum na nossa sociedade, a psicoterapia continua envolta num manto de mistério para muitas pessoas. Desde o “isso é para malucos”, ao simples desconhecimento e consequente receio, a verdade é que para muitas pessoas a psicoterapia é ainda um luxo do qual, em tempos de crise, facilmente se abdica. Além de tudo isto, perante a maioria dos Portugueses, a Psicologia continua a não ser detentora do mesmo estatuto de credibilidade/eficácia comparativamente à Medicina.

Mas, para quem se “aventura” a iniciar um acompanhamento psicológico este é, por norma, uma experiência inigualável. Porquê?

A partilha de emoções com um total desconhecido – o psicólogo – é algo que à partida é inibidor para qualquer pessoa. No entanto, há uma altura da vida em que, por qualquer motivo, é mais fácil falar com um desconhecido. Ou porque não se quer preocupar a família e os amigos, ou porque eles simplesmente já não dizem aquilo que se precisa ouvir naquela altura….Então porque não experimentar?

E agora o leitor pode perguntar Mas não é esta uma relação desigual? Eu conto a minha vida ao psicólogo e ele não me conta nada da vida dele. Mas, caro leitor, se o sentimento fosse o de uma relação desigual, não teria isso, só por si, ditado o fim da Psicoterapia? 

Inicia-se assim a relação terapêutica entre o cliente e o psicólogo. É possivelmente das relações mais paradoxais, como veremos adiante. Aquilo que realmente acontece durante a Psicoterapia, é de facto uma “exploração” da vida de quem procurou o acompanhamento. Exploração no sentido de uma viagem. Esta viagem ao Passado restringe-se ao que é estritamente necessário e tem como objetivo final a compreensão do Presente. O psicólogo pode, quando pertinente e sem excessos, fazer revelações da sua vida; mas naquele espaço, como em qualquer outro serviço, o que importa é o cliente. Naquele espaço, como em nenhum outro serviço, o cliente é compreendido e aceite sem qualquer juízo de valor. Já imaginou um sítio onde pode revelar os seus sentimentos e pensamentos mais profundos sem ser julgado?

Sim, aqui vale dizer tudo e tudo o que disser é importante. No entanto, só revela aquilo que quiser. Aqui é aceite de igual forma um “sim” e um “não”. Vai compreender que aquilo que sente e que até agora achava que não devia sentir, afinal é normal que o sinta. E assim, vai aprender a compreender-se. Vai, por fim, perceber porque se relaciona com os outros de determinada forma e não de outra; porque reage da mesma forma perante situações que à primeira vista parecem não ter nada em comum. Enfim, vai crescer….E durante esse crescimento vai ter sempre a seu lado aquele desconhecido que deixou de o ser, porque esse desconhecido o aceitou e compreendeu em toda a sua plenitude. O psicólogo explica-lhe, ao longo de todo o processo, as mudanças que sentir. Por outras palavras, guia-o no seu crescimento

Aqui reside o maior paradoxo desta relação. Duas pessoas, inicialmente desconhecidas, viajam juntas no desenvolvimento pessoal de uma delas. Despretensiosamente, o psicólogo fica feliz a cada progresso, a cada sorriso do seu cliente. Porque sabe que pôde estar presente no crescimento de outra pessoa.  

E à pergunta “não é essa uma relação desigual?” resta-me revelar que a relação terapêutica nunca é desigual…nem poderia. O psicólogo cresce com cada pessoa que conhece em consulta, em cada sessão fascina-se com o privilégio de ser um ouvinte de histórias. Privilégio sim, porque a cada história que ouve, aprende, cresce e….Reconhece-se. Porque antes de psicólogo, é pessoa e, de pessoa que é, tem medos, tem pensamentos e sentimentos que também não revela.

Cátia de Melo e Castro, Psicóloga Clínica